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Tem dezasseis ou dezassete anos: ei-la entrando na vida. A educação vai-se completar agora por duas influências — uma interior, a família; outra exterior, a sociedade.

A impressão que nesta idade mais directamente lhe dá a família — é toda positiva: a necessidade de ter dinheiro para viver. A organização material da vida e o seu custo, dão-lhe logo a certeza de que sem dinheiro, sem um casamento rico, a vida moderna não

é mais que uma perpetua decadência e uma humilhação. Não falamos aqui nem das ricas, nem das santas — duas raras espécies. Na família a rapariga vê a constante influên-cia do dinheiro; começa a misturar-se no governo da casa, a entrar nas conversas económicas dos pais, a examinar contas, a comprar; — hoje o rol dos fornecedores, amanhã o da modista, depois o do estofador, e um chapéu, e um camarote de teatro, e as luvas. Tudo lhe mostra a vida aplicada, como uma bomba aspirante, à bolsa da casa. A ideia do dinheiro torna-se nela fixa. Além disso, embebe-se dela, nas conversas, nos jornais. Hoje, no fundo do pensamento ou do sonho, há sempre o dinheiro. A preocupação