Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/172

Wikisource, a biblioteca livre

viagem não era um suave regalo, era um fatigante dever; e Sua Majestade ia, pelas monótonas exigências do seu cargo, examinar o estado das províncias, ver a sua civilização, a sua ordem, a sua vida na agricultura, nos estabelecimentos, nos costumes, na feição das ruas. Não nos parece, pois, coerente, que cada localidade — em lugar de se mostrar em toda a sua realidade e verdade — se disfarçasse, se embuçasse em murtas, louros, verdes, festões, alfazemas, de modo que

Sua Majestade poderia, perante aqueles aspectos folhosos, supor-se — não reinando sobre um país — mas governando um caramanchão!

Para honrar a presença do Rei e glorificá-la, lá estavam as multidões, o seu aspecto festivo e amorável, e as vivas glórias das aclamações. As colchas eram inúteis.

Não se desejava saber a opinião das colchas. Sua Majestade preferiria sempre um bom grito alegre que saúda, à fileira dos ramos secos que pendiam mesquinhamente na amarelidão da poeira. Detrás daquelas galas de arcos e de colchas, melancólicas como esqueletos de triunfo, ocultavam-se como um muro velho por trás de uma trepadeira florida, as casas sujas e velhas, as ruas latrinárias, a infecção das cadeias, o escuro desleixo dos quartéis, a negrura das tabernas, a imundície das repartições, a acumulação dos enxurros, a pobreza estagnada das lojas — e se Sua Majestade