Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/177

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da força pública, o entusiasmo das populações ao avistar a real família.»

E em Lisboa, tremíamos, com apreensões pungentes. Aquela palavra, cheia de prudência, fazia-nos suspeitar nas povoações do Minho — pavorosas espécies de entusiasmo. Para o reter marchavam providencialmente os regimentos e mordiam-se os cartuchos. Lembrava-nos aquele legendário rei mouro que, possuído de um amor sobrenatural pelo seu serralho, o mandou retalhar ao fio de alfange. Lembrava-nos o amor do leopardo, que nos meses magnéticos em que o seu pêlo faísca no fulvo ardor dos juncais, rasga e dilacera a fêmea. — Para que escondê-lo? Temíamos, sim, que pelo dizer dos jornais inteligentes — onde Sua Majestade fosse recebido apenas com agrado — ficasse apenas contuso. — Mas que nas povoações, onde o recebesse um entusiasmo exaltado... ah! receávamos ler, em notícias daí:

«Na nobre povoação de tal, o entusiasmo e a ovação cresceram ao entrar el-Rei sob o pálio. Os membros de Sua Majestade, dilacerados e espalhados em poças de sangue, pela estrada, testemunhavam o amor dos habitantes pelo neto de D. Pedro IV! O senhor infante D. Augusto, compreendido no amor do povo, teve também a sua parte de ovação e lá está — partido ao meio!»