composto, em noites trabalhosas, uma peça literária, se julgue obrigado a não privar dela o Rei. A viagem de Sua
Majestade não é a edição gratuita dos poemas da província. O proprietário imprudente que tiver nutrido no seu seio uma ode, que a afogue, mas não saia com ela à estrada.
Saia antes com a clavina. El-Rei partiu confiado no amor dos seus povos, desprevenido; não deve encontrar à esquina de cada muro a face pálida de um poeta inédito. El-Rei julgava as estradas seguras. Quando muito podia supor que encontraria lobos. Vates, não.
A condescendência de Sua Majestade pode ser-lhe fatal. Quando vir despontar o sujeito inspirado, faça romper a galope. Não são de mais todas as forças de uma parelha
— contra todas as ameaças de uma ode!
Se consentir em parar, perde-se. Sua Majestade não sabe do que é capaz a poesia de província. — Começam suavemente pela ode, e terminam pelo volume. Sua
Majestade vai num plano inclinado com a sua imprudente bondade. Consentiu em ouvir uma fala de júbilo — terminará por ouvir um tratado de aritmética.
E ainda poderá acontecer que um dia, indo Sua Majestade incautamente, por uma estrada, recostado na sua caleche, veja surgir de um recanto um