Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/208

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porque se alguma coisa humilha, avilta, amolece a dignidade, coalha e petrifica a alegria, enodoa a esperança, debocha o carácter, amolece e amiasma o sentimento, dá um irremissível desprezo próprio — é a

Quando o Senhor D. Pedro V subiu um dia as escadas da Relação do Porto, disse com uma tristeza irritada: isto precisa de ser arrasado! A cadeia da Relação é das melhores deste Reino venturoso onde florescem de acordo — a papoila e Vidal. porcaria forçada.

E deve perder o pudor, a vontade, a consciência, cair numa desmoralização bestial, o homem que sente o seu corpo suar e verminar-se na sua única camisa.

Quem decretou esta infâmia? Se foi o regulamento das cadeias, reforme-se essa disposição como se lava uma nódoa. Esse regulamento não é inepto — é sujo. Não obriga só a reagir a consciência, obriga a pôr o lenço no nariz. Não precisa crítica — precisa benzina.

E porque o não reformam? As autoridades que o consentem dão uma ideia bastante escura da sua limpeza pessoal, tolerando para enxoval de um homem — uma camisa. Suas senhorias, essas autoridades, não podem exalar de si um aroma fino. Quem consente que um homem leve para um degredo — uma camisa — pode ser um jurisconsulto que se respeite, mas é um corpo que se evita. Tal autoridade não deve ser repreendida, deve ser lavada. Para ser reconhecida não precisa a toga — basta-lhe o cheiro. Não lhe façamos crítica, atiremos-lhe bacias de água. Que o sr. ministro da

Justiça lhes faça pagar os seus ordenados em sabão. E enquanto às