Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/209

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suas cabeças, não pediremos à lei que as inspire — mas sim que as cate.

E sabem porque se dá ao degredado essa camisa? Não é asseio, nem higiene, nem dignidade, nem dó. E porque o preso, até ao cais, tem de passar na Baixa, e não se quer enojar os curiosos que param, com o aspecto devastador dos remendos da enxovia. E para que os srs. lojistas e ourives, imóveis em seus chinelos aos portais da loja, não se enojem, não se enjoem, com os farrapos pendentes daquele pobre corpo maquinal que vai para o seu porão! E uma atenção aos srs. lojistas. E só para atravessar a Baixa. Para isso, com efeito, basta uma camisa. Depois, na viagem, que apodreçam! Ah! como estas coisas põem ao claro sol do desdém, as baixas feições de um país! Uma camisa para um desterro, a camisa da lei. A autoridade é mais suja que o degredado, e a lei é mais suja que a autoridade. Terra de ruas infectas e de corpos imundos! Ao menos sejamos francos: em lugar das cinco quinas, ponhamos as cinco nódoas.

Pois bem. Essa mesma camisa — única — foi julgada excessiva. Tirou-se a camisa ao degredado. Nesta última leva, a 5 do mês passado, iam todos