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supõe-se uma espécie de Santo Padre do amor, julga possuir a plena compreensão da mulher, saber desde as leis até às pantoufles toda a fisiologia do casamento, e ser no tempo presente um S. Tomás de alcova. De sorte que sempre que se trata de um caso sentimental, o Sr. Dumas filho entorna sobre o boulevard, como um barril de lixo, o seu depósito de observações: porque o Sr. Dumas é observador como outros são trapeiros. E de noite, com uma lanterna e um gancho, cosido com os muros conjugais, apanhando e fisgando em segredo tudo o que cai da alcova, cravos, panos revolvidos, cuias velhas, farrapos reveladores — que ele vai coligindo a sua ciência. Sabe pelo que esgaravata no lixo. E doutor — em roupa suja.

Foi assim que o Sr. d’Ideville provocou L’homme femme. L’homme femme tornou-se então um rebate através das alcovas: jornalistas, lorettes, publicistas retirados, tudo correu pelo faro do escândalo. Ganiu-se um grande charivari filosófico — com panfletos, com Livros, com artigos e com vaudevilles. E o amor, o casamento, a virgindade, a maternidade, o pudor, o adultério, a mulher, saias e consciências, tudo foi sacudido, revolvido, remexido, voltado ao sol, e exposto à vil publicidade como um guarda-roupa na tristeza de um leilão.

Ora a conclusão da questão era estranha: tratava-