Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/68

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uma reforma. Os jornais falam dela um momento, a oposição arranja representações na província contra ela, as comissões metem os pés nos capachos e discursam sobre ela... Mas o ministério, por uma intriga, por uma bambocha, ou por um enredo, cai: e a reforma segue-o na sua saída e logo se some como um sulco atrás da quilha!

Quantas reformas de administração, de instrução, de finanças, não tem o País visto aparecerem no horizonte parlamentar, como sombras que vão chegar à vida, e logo esvaírem-se sem terem provado da vida mais que a doçura de um reclamo nas gazetas subsidiadas!

Tem havido, nos últimos três anos, seis reformas de administração — todas irrealizadas, todas mortas ainda de mama! — E depois destas seis tentativas de reformas, o ministro do reino actual confessa que a administração é um caos vergonhoso — e o chefe da oposição actual brada que a administração é um vergonhoso caos!

Haveria um livro a fazer, intitulado: Da fisiologia das reformas em Portugal. Há pelo menos esta definição a dar: — A reforma é uma formalidade que tem a preencher perante o País todo o ministro — menos essencial que o cupé de aluguer, mais necessária que a farda de empréstimo!