Página:Uma tragédia no Amazonas.djvu/14

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que fazia esquecer quanto a sua almazinha fora malhada pelo sofrimento e dilacerada pelo destino.

Ruperto e Silvano eram simplesmente dois negros, mas devemos acrescentar, dois crioulos briosos e amigos devotados do seu senhor.

Na época a que nos referimos no começo desta narração, o luto pelo pai de Branca já desaparecera, sufocado pelo prazer que reassumia o seu lugar no lar de Eustáquio.

Quase todos os dias, apenas os alvores matutinos principiavam a branquear no oriente, Branca e a menina saíam de casa e, com as vestes em desalinho, iam, à beira do rio, ver surgir o astro da luz.

Com divertimentos semelhantes, levavam uma existência feliz, inda que monótona, quando começaram a dar-se incidentes que trouxeram a inquietação ao ânimo de todos.

Desapareciam animais, outros amanheciam degolados e agonizantes, plantações devastadas e porteiras lançadas por terra.

Estes danos, partos da perversidade, não eram, talvez, mais que o prelúdio de alguma catástrofe remota.

Eustáquio, sobressaltado, velou muitas noites e, percorrendo com Ruperto o campo e a floresta, prestava ouvidos mesmo ao sussurro do vento que curvava os altos galhos das castanheiras, ligeiramente prateadas pelo luar.

Tudo foi embalde.

Entretanto a importância das perversidades subia gradualmente.

O subdelegado, receoso de uma dessas correrias medonhas de selvagens, que levam a devastação às mais magnificas