Já algumas chegavam ao zênite encobrindo o sol, já as mais baixas tomavam a cor de chumbo.
A aragem que soprava deixou de balouçar as folhas da mata e, na ocasião em que a natureza emudecia, rolou ao longe um trovão. Prenúncio da tempestade. Ela aí vinha.
Meia hora depois, uma tira de fogo zig-zagueou no espaço, seguiu-se um trovão, menos remoto que o primeiro, que percorreu o céu já todo negro.
— Vamos ter uma grande trovoada, observou Rosalina.
— Entremos, disse Eustáquio levantando-se.
Quando subiam os degraus da porta, grossas gotas d'água choveram e a emanação da terra se fez sentir.
A família acercou-se de uma janela e, até anoitecer acompanhou as peripécias da tormenta, que serenara um pouco.
Ainda todos estavam na janela no momento em que uma detonação na picada chegou-lhes aos ouvidos.
Era a hora em que deviam chegar os soldados.
— Um tiro! exclamou Branca, benzendo-se.
A orfãzinha a imitou e o subdelegado lhes disse:
— Ouviram? Um tiro! São os miseráveis que atacam os guardas. Vou socorrê-los!
E quis correr, mas a mulher o conteve, não sem custo, conseguindo persuadi-lo da sua imprudência. Logo depois ouviram fracos gritos de apelo.
— Pobres homens, disse surdamente Eustáquio.
Foi então que Rosalina que ficara na janela gritou:
— Vejam! olhem aqueles que correm em direção ao tiro!