Página:Uma tragédia no Amazonas.djvu/29

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— Meu Deus! murmurou a esposa dó subdelegado.

Realmente, por entre o mato distinguia-se alguns homens correndo para a picada.

Duas detonações seguiram-se, recaindo a noite no silêncio possível em uma tormenta.

A trovoada recrudescia e, minutos depois, chovia a jorros.

Entretanto, em uma estiada, como que perceberam todos um rumor longínquo, que vinha do lado do rio.

Sentiram o coração, termômetro dos terrores, latejar com força.

Realmente, nada é tão terrível a quem, na solidão, espera um perigo como escutar um ruído inexplicável.

Eustáquio e Ruperto tomaram duas espingardas e esperaram.

O rumor crescia e logo se pôde conhecer que provinha da carreira de alguém.

Tamanha era a escuridão que tornava impossível avistar-se cousa alguma a mais de quatro passos.

Eustáquio, como qualquer outro em iguais circunstâncias, perdeu-se em medonhas conjecturas.

Quando mais próximo pareceu-lhe o corredor, gritou:

— Onde vais, homem?

Por única resposta ouviu:

— Malditos! malditos!

E uma pistola veio cair-lhe aos pés.

— É um dos guardas, disse Ruperto que, a um relâmpago, conseguiu ver quem passava.

Era, na verdade, o soldado que o leitor viu louco e que, por acaso, seguira na sua furiosa carreira a direção da morada de Eustáquio.