Página:Uma tragédia no Amazonas.djvu/37

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al do "anjo".

Sorrindo a todo instante cercava-se o rosto da menina de uma atmosfera de prazer que arredava para longe a tristeza.

Suas risadas e seus ditos infantis ecoavam pela casa e pelo roseiral, transpirando regozijo eterno.

É essa beleza angélica que certas mulheres afetadas pretendem possuir.

Símplices! levianas! Só conseguem conquistar do vulgo o título de "delambidas".

É também a que todo o poeta empresta ao seu objeto idolatrado.

Mas os poetas!... Cantam a lua antes de vê-la através das lentes telescópicas.

Como o astrônomo deixa escapar um riso de mofa, ao ler uma poesia à lua de algum enlevado cantor, o conhecedor profundo desse bando, denominado pelos homens das nuvens, "belo sexo", e mais prosaicamente mulher, não pode reter o escárnio, contemplando um hino em que um amante em delírio exalta os grandes dotes da sua bela.

Não devemos enfastiar o leitor com digressões desta ordem.

Reentremos na narração.

Tudo florescia nas margens do afluente do Amazonas. As plantações do ex-subdelegado renasciam virentes, coroavam-se as roseiras de purpúreas flores e do curral partiam balidos de ovelhas, intercalando o mugir majestoso e cheio das luzidas vacas, que olvidavam as míseras companheiras desumanamente esfaqueadas dois anos atrás.