escalou ousadamente a alta cerca de traves novamente construída, penetrando no roseiral. Esgueirou-se pela parede até pouca distância da janela ocupada pela menina, apontando-lhe uma pistola, depois de olhar várias vezes para trás e para um lugar onde poderia distinguir alguns olhos à espreita por entre as tábuas do cercado.
Que quadro! A candura e a inocência de um lado, de outro a perversidade e o crime.
Ia ressoar o tiro e Rosalina estava morta, mas a Providência velava.
Antes de cair o cão da pistola do assassino, uma fumaça tênue alvejou a folhagem de uma magnífica árvore da margem do rio; e soltando um gemido o bandido rolou, afogado em ondas de sangue.
Um tiro, providencial e certeiro como a faca que, dias antes, ferira um dos perseguidores de Eustáquio na picada, acabava de defender Rosalina contra a mão infame de outro celerado.
A orfãzinha estremeceu ao tiro, e soltando a rosa por um movimento instintivo gritou vivamente:
— Papai!
O esposo de Branca acudiu logo, porém dando com a vista de um corpo ensangüentado que jazia sob a janela conheceu que o tiro partira de braço amigo e não se assustou com ele. Correu ao lugar onde se via o corpo e pôs-se a examinar o seu estado. Era já cadáver, mas o que ele estranhou foi verificar que longe de ser um negro era um homem de cor branca (o que não obstava que fosse de meter medo) com a tez morena, cabelos ligeiramente cacheados e imundos a cair