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Página:Uma tragédia no Amazonas.djvu/96

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Não senhor, interrompeu com vivacidade um dos bandidos, que conheceu que deviam aproveitar o ensejo. Não hesitamos! Ao contrário, aceitamos com prazer a vossa proposta, pois estamos certos de que a remuneração...

— Será generosa, terminou o padre Jorge.

Estas palavras e um rápido ajuste fecharam negócio e os bandidos acompanharam hipocritamente aqueles que em breve deviam ver-lhes as verdadeiras fisionomias.

O padre Jorge havia reparado no sotaque da voz do indivíduo com quem tratara o engajamento; todavia não teve desconfianças. No povoado às vezes apareciam estrangeiros e muitos deles até se demoravam, tomando parte nos trabalhos de extração da borracha que iam depois vender no Pará.

No seu acampamento, o chefe da quadrilha exultava de contentamento, vendo que os seus enviados não voltavam. Para ficar convencido do bom êxito da primeira parte da sua malvada empresa, resolveu deixar o ataque para a tarde.

Ao meio-dia reuniu os cinco pretos e, com a áspera secura que lhe era habitual e o tom feroz de que usava quando queria impor obediência, lhes disse:

— Cumpram cegamente o que eu mandar fazer.

E, dirigindo-se particularmente a um deles, acrescentou:

— José não te esqueças da minha pequenita.

O bandido não repetiu aos negros a promessa que lhe fizera relativamente aos lucros da operação que iam tentar, mas apenas algumas ameaças, e, seguido por eles, encaminhou-se para a habitação de Eustáquio.