Página:Ursula (1859).djvu/104

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de algum acontecimento anterior, lhe empalideceu o rosto. Ele suspirou, e de novo objetou:

— O meu nome, Úrsula, mais tarde o sabereis!

Agora ide-vos!

Rogai ao céu, – acrescentou – meiga e inocente donzela, rogai ao céu para que vos possa esquecer; porque se o meu amor prosseguir assim, extremoso, indomável, apaixonado, haveis de ser minha; porque ninguém me desdenha impunemente. Ouvis? – disse em tom de ameaça, e depois em meia súplica ajuntou – Oh! Por Deus, não troqueis a ventura pela dor, e quem sabe pelo!...

Esta ameaça horrível, dita com voz alterada, e em tais horas, eriçaram os cabelos da moça, que ficou pálida e queda de horror.

— Ide – concluiu ele.

E ela toda agitada e confusa deixou a mata, prometendo a si mesma não voltar jamais àquele lugar.

E o caçador seguindo-a com os olhos e com o coração, quando a moça desapareceu numa volta do caminho, com olhos arrasados de lágrimas, disse:

— Mulher! Anjo ou demônio! Tu, a filha de minha irmã! Úrsula, para que te vi eu? Mulher, para que te amei?!... Muito ódio tive ao homem que foi teu pai: ele caiu às minhas mãos, e o meu ódio não ficou satisfeito. Odiei-lhe as cinzas; sim odiei-as até hoje; mas triunfaste do meu coração; confesso-me vencido, amo-te! Humilhei-me ante uma criança, que desdenhou-me e parece detestar-me! Hás de amar-me.

Humilhado pedi-te o teu afeto. Maldição! Paulo B. estás vingado!

Tua filha oprime-me com o seu indiferentismo,