E quem será ele? Deus meu! Por que fatalidade me viu, e disse-me que me amava com amor ardente e intenso, que terá a duração da sua vida! Pressagia-me o coração aflito, que esse homem e o seu amor me hão de ser funestos!
Uma voz interna diz-me que aí está uma grande desgraça. Oh! Esse homem ensanguentou os meus vestidos, que eram tão alvos! Cada nódoa desse sangue, que tanto me horroriza, parece-me que serão outras tantas lágrimas de amargura, que tenho de verter.
Oh! Meu Deus!... Meu Deus, permiti, Senhor, que eu me engane, e que jamais o torne a ver.
Tancredo! Livrai-me desta aparição ou deste ente repulsivo e ameaçador!...
Tancredo! Onde estás a esta hora? Que fazes, que não me vens proteger contra a insolência e as ameaças desse caçador desconhecido? O teu amor há de amparar-me. Oh, sim, o teu amor me dará forças para destruir suas loucas esperanças e esquecer suas terríveis ameaças.
E ela fechou os olhos, mas na mente se lhe figurava constantemente aquele rosto severo, ardente, apaixonado, e ameaçador, aos ouvidos lhe retumbava o som da sua voz: – era como se ainda o visse, ainda o ouvisse, e ela desanimada e sem forças procurava desvanecer essa visão infernal. Depois de algum tempo de luta interna, exclamou: Oh! Que homem tão ousado, cujo olhar sinistro me amargurou a alma! Apareceu a noite rebuçada no seu manto de escuridão, e a donzela supôs encontrar o sossego das trevas e no sono; mas trêmula e agitada no seu leito, invocava embalde o sono, que o fantasma se erguia mudo e impassível, e a sua mente alucinada dava-lhe movimento