Página:Ursula (1859).djvu/149

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me o estado do seu coração. Ela o ama, já o sabia; mas o seu amor não poderá resistir ao meu ódio. Juro, mulher, que hás de ser minha esposa, ou o inferno nos receberá a ambos!

Tancredo! Tu não hás de rir de um rival desprezado. Não.

Blasfemando horrivelmente, tinha chegado à porta de sua casa, desatinado e furioso.

— O feitor branco – gritou com voz medonha. – chamem-me o feitor branco.

O serão ainda não havia acabado: o débil bruxulear de uma luz esmorecida no meio dessa vasta casa de trabalho indicava que aí ainda todos velavam; porque as tarefas não estavam acabadas.

O feitor apareceu com prontidão. Era um homem de mediana estatura, tez pálida, e olhar melancólico. Ao entrar, fez uma respeitosa cortesia ao comendador, que a não respondeu, e disse:

— Às vossas ordens, senhor comendador.

— Quero imediatamente dois negros, que irão voando à casa que foi de Paulo B. – parou, e com as mãos pareceu afastar de diante dos olhos uma sombra desagradável; mas foi um momento, recuperou sua feroz energia, e continuou:

— Que me tragam sem detença Susana. Ouvis, senhor? Que a tragam de rastos. Que a atem à cauda de um fogoso cavalo, e que o fustiguem sem piedade, e...

— Senhor comendador, – observou o homem, que recebia as ordens – ela chegará morta.

— Morta?... Não, poupem-lhe um resto de vida, quero que fale, e demais reservo-lhe outro gênero de morte.