Prosseguiam na sua marcha.
Na casa do trabalho, muito mais frouxa lobrigava-se ainda a escassa luz de um lampião: os negros tinham recebido novas tarefas, empenhavam-se por acabá-las. Desgraçados! Não eram eles que trabalhavam por acabá-las – era o novo feitor, que com azorrague em punho ao som dos estalos os despertava. E já nem uma lágrima lhes vinha aos olhos, nem um queixume aos lábios – eram mudos; estorciam-se com a dor da chibatada, abriam os olhos, moviam-se maquinalmente para continuar o serviço, e logo recaíam naquela penosa prostração, que revela a extrema fadiga de um corpo, que descai já para o túmulo, cansado de lutar em vão contra mil privações que o desgastaram e aniquilaram.
O dia não tardava muito a despontar, quando Susana e o sacerdote descobriram, pasmados, a cena espantosa da dupla tarefa na fazenda de Santa Cruz.
— Deus esteja convosco, filho, – disse brandamente o padre ao entrar.
Fernando P. passeava na varanda com um passo incerto e desigual.
— Mandei informar-me, meu padre, do caminho que seguiu a minha louca fugitiva, e em menos de dez minutos aguardo pela resposta. Os homens da minha guarda estão prontos, e partirão ao primeiro sinal; as nossas cavalgaduras esperam-nos no pátio.
— E para que todo esse afã?! – perguntou o sacerdote com estupefação.
— Para quê?! Ainda mo perguntais?! Essa menina, senhor, a necessidade tornou-a minha pupila; e antes que o fosse, meu coração a havia escolhido para esposa!
— Ela? Úrsula? A