cavalgaduras. Trajavam calções de couro, e sobre suas selas descansavam enormes capotes de peles de onça. Da cinta pendiam-lhes enormes facas pontiagudas, e a esses horríveis instrumentos, acompanhava um par de pistolas. Aos ombros levavam um medonho bacamarte.
O padre viu todo esse apresto execrando, e aguardava ansioso pelo seu hóspede.
Não esperou muito.
— Meu padre, o dever obriga-me a partir.
Roubaram-me a filha de minha irmã; mancharam a honra da minha casa, assassinaram a minha ventura!...
— Meu padre, – continuou depois de alguma pausa – essa menina era minha desposada, jurei que havia de ser seu esposo; pelo céu ou pelo inferno, sê-lo-ei ainda. Sim, – prosseguiu espumando de ira – ei de ser seu esposo; porque não a tornarei a ver em quanto o sangue do seu raptor não tenha lavado, extinguido o ferrete da infâmia estampado em minha fronte.
— Jesus! Senhor meu Deus! – bradou o pobre padre. – Ainda é tempo de retroceder. Pelo céu, meu filho, não mancheis vossas mãos no sangue de vosso irmão! Filho, o assassino é maldito do Senhor; Caim o foi. Para o assassino não há na vida sossego, nem paz na morte. O sepulcro mesmo, quem sabe se lhe promete tranquilidade?
A vingança, filho, é um prazer amargo, e seu fruto, é o requeimar do remorso em toda a existência, e até o último extremo, até a sepultura!
Fernando P. escutou-o; mas em suas veias agitava-se o sangue, que lhe queimava o coração. Rangia os dentes, e os lábios lívidos e trêmulos exprimiam a impaciência e o furor, até que por último prorrompeu irado: