Página:Ursula (1859).djvu/158

Wikisource, a biblioteca livre

— Ele? – replicou o homem de paz – É impossível!

— Ele. – retrucou Fernando. – Amam-se, já o sabia; mas contava que o seu regresso seria alguma coisa mais demorado.

Sim, eu vi Úrsula, era uma tarde, um jatobá antigo como os séculos prestava-lhe doce sombra; no tronco dessa árvore gravava ela um nome, que me ocultou com o seu corpo; mais tarde, no dia imediato, todos os dias à mesma hora eu ia ao lugar indicado, ela jamais voltou a ele; mas seu nome e o nome de Tancredo entrelaçados aí estavam gravados para advertir-me que se amavam.

Oh! Maldita sejas tu, mulher infame, maldito o teu sedutor! De joelhos hás de pedir-me compaixão para esse que preferiste a mim; mas não hás de achá-la!

— Misericórdia, meu Deus! – bradou o padre erguendo as mãos ao céu.

— Silêncio! – exclamou Fernando ardendo em ira, e aproximando-se-lhe, disse: – Sois meu prisioneiro. A justiça da terra não me estorvará a vingança, porque ninguém senão vós ousará denunciar-me.

— As...sas...si...no!! – estupefato disse o pobre sacerdote, e ficou estacado nesse lugar sem movimento, com os cabelos eriçados, os membros hirtos, e os olhos parados, como se um raio o houvessefulminado.