de alguns de seus amigos, seguiu para o convento de ***, onde devia receber aos pés do altar a mulher de suas adorações.
A noite ia já adiantada quando eles franquearam a porta do santuário. Os círios, que iluminavam o trono do Senhor de misericórdia e de bondade, os sinos, que tocavam alegremente no alto da torre, as flores, que juncavam o pavimento da igreja, não distraíram a Tancredo de seus tristes pressentimentos acerca da desaparição de Túlio, e o coração gemia de angústia. Ele então, indagando a si mesmo, achava estranho o sentimento penoso que lhe nascia na alma, porém embalde tentava recobrar a serenidade de ânimo. Túlio figurava-se-lhe em perigo iminente, e toda a felicidade que o aguardava não lhe apagava esse crescente desassossego; porque essa felicidade começava a parecer-lhe que mais tarde se tornaria amarga. Mas esse estado de angústia e pesar desapareceu com a presença de Úrsula, bela e ridente, e que tão meigamente lhe sorria.
Vinha acompanhada das jovens religiosas, que já a amavam: no meio dessas virgens consagradas ao Senhor, era como uma rosa entre açucenas. Trajava simples vestido de seda preta, e mimosas pérolas ornavam-lhe o colo de neve, brandamente agitado pelo voluptuoso arfar do peito. A fronte altiva, e jaspeada agrinaldava-a uma capela de odoríferas flores de laranja, e o véu de castidade flutuava-lhe sobre os ombros nus e bem contornados, e encobria-lhe os negros e aveludados cabelos.
Assim era ela mais formosa que nunca, e Tancredo, vendo-a tão radiante de mocidade e de amor, olvidou suas penosas inquietações para só rever-se nela, para render-lhe um culto de apaixonada veneração.