aberta, e a sua vítima fora do alcance de sua ira. Naturalmente o comendador vendo Antero preso no tronco, acreditaria que se dera uma luta entre ele e o prisioneiro, e que aquele, velho e sem forças, fora subjugado e preso, e que assim tolhido e sem socorro algum, vira-lhe a fuga, sem poder sequer opor-lhe a menor resistência.
Túlio não se enganou – o seu estratagema salvou o velho escravo.
Livre, Túlio deitou a correr em direitura da casa, tendo só na mente salvar a seu benfeitor e amigo.
Estava esbaforido, e mal entrou, sabendo que Tancredo há muito saíra acompanhado das testemunhas, partiu sem respirar pela estrada que levava ao convento.
— Meu Deus! – dizia ele consigo – será ainda tempo? Poupai-o, Senhor: livrai-o de seus inimigos.
E finda esta breve súplica, a esperança, que começava a abandoná-lo, voltou-lhe risonha e vigorosa.
Já lhe faltava o fôlego, já as pernas se lhe afracavam de cansaço, e ele corria sempre veloz como o fuzilar de um relâmpago, como o cervo que o caçador persegue.
No meio da sua carreira, avistou um homem montado em uma mula, que caminhava a passos lentos.
O jovem negro conheceu-o e respirou.
– Louvemos ao Senhor Deus! – disse. E acrescentou: – Senhor, vindes do convento de ***?
— Sim. Acabo de fazer aí um casamento, – redarguiu o retardatário viajante, que era um sacerdote.
— E os noivos, senhor?
— Deixei-os na igreja, filho.
Túlio deixou o padre, e de novo começou a correr, e