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Página:Ursula (1859).djvu/171

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de escapar-se; porque o silêncio, que reinava na casa, o advertia da ausência do comendador.

Dez horas ecoaram aos seus ouvidos. Túlio estava sobre espinhos.

— Dez horas! – murmurou – Que silêncio! Parece-me, pai Antero, que o mundo inteiro dorme: pelo menos nesta casa aposto que só nós estamos acordados.

— Adivinhaste – resmungou o velho com a língua tão pesada, que parecia um moribundo – porque se não fôramos nós, ela estaria completamente deserta.

— Deserta! – perguntou Túlio, tremendo em face de uma coisa que ele adivinhara já: – E então aonde foi o comendador?

Antero bebia freneticamente, esquecendo destarte o bárbaro rigor de Fernando P.; e por isso já meio dormindo apenas respondeu:

— Achei a porta fechada... por fora...

— E por onde então saíste? – perguntou Túlio, sacudindo-o. – Falai.– An! – Balbuciou a custo abrindo os olhos.

— Por onde saíste, se achaste a porta fechada por fora?

Pai Antero fez um esforço, e resmoneou:

— Pelo quintal.

Não pôde mais falar, e caiu em profundo sono, entrecortado só por uma respiração forte e estrepitosa. Então Túlio arrastou-o pelas pernas, e o foi levando até um tronco, que se unia à parede, e lá depois de o ter bem seguro, tirou-lhe da algibeira a chave da prisão e saiu.

O negro previra a explosão de cólera do comendador, quando de volta de sua traidora emboscada, e reclamando o preso, só encontrasse Antero embriagado, a prisão