amaldiçoando-me!!... A infeliz enlouqueceu de dor, e eu não a pude salvar!
Meu padre, – continuou – eu a vi no sepulcro, e não sei como não morri então!
— Não podeis por ventura suportar a vida sem ela?
— Oh! Não!... Não, meu padre!
— E não sabeis então que estais separado dela para sempre?
— Para sempre?! – indagou ele com aflição veemente, e um profundo suspiro agitou seu peito.
— Para sempre! – tornou-lhe o monge.
— E por quê? – murmurou ele com humildade.
— Porque, meu filho, ela está no céu, e vós, homem criminoso e impenitente, vos despenhais no inferno.
Houve então uma longa pausa. Faltavam as forças ao moribundo, cujo peito ansiava como combatido por uma luta terrível e renhida.
Fez um último esforço, porque sentia as prisões da vida despedaçarem-se, e estendendo os braços, tomou o Crucificado, levou-o aos lábios, e pondo-o sobre o coração, exclamou demonstrando o mais profundo arrependimento:
— Perdoai-me, Senhor! Porque na hora derradeira sufoca-me a enormidade das minhas culpas.
Lágrimas de sincera dor verteram seus olhos, que para sempre se cerraram; e a morte imprimiu-lhe no rosto a tranquilidade da contrição.
Nesse dia chorava Adelaide suas primeiras lágrimas de dor, porque a opulência, e o fausto não bastavam para lhas estancar.
Seu primeiro esposo era já morto, envenenado por acerbos desgostos. Ela ludibriara o decrépito velho, que a roubara ao filho; e ele, em seus momentos