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Página:Ursula (1859).djvu/193

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me no inferno!... – e as lágrimas começaram a cair-lhe pelas áridas faces.

— Não, meu filho! – objetou-lhe o religioso – Deus perdoa ao arrependido. Lembrai-vos de Madalena.

— Arrependido! – exclamou o moribundo – Arrependido, eu? Oh! Não, meu padre. Compadeceu-se Deus do meu martírio? Nunca. Matou-me a esperança no coração. Deixou lavrar o amor frenético no peito, que o rasgou, que deu-lhe a coragem do crime, sem dar-lhe a saciedade da vingança. Cometi muitos crimes, e ainda até hoje não serenou-se-me o coração sedento de ódio e de vingança.

Feri o homem a quem ela adorava, vi correr-lhe o sangue que derramei, vi-o expirar a meus pés, sorri-me de prazer, e oh! Maldição! Não fiquei vingado!

— Oh! – exclamou o monge transido de pavor – Que horror!

— Esse homem fora preferido, fora o eleito do seu coração. Ela, ainda após a morte dele, dedicou-lhe o mesmo amor.

— Em nome do Senhor, arrependei-vos!

— Tancredo! – continuou com ódio – Tancredo, roubaste-ma! Cedo tornar-nos-emos a encontrar no outro mundo e lá ainda te pedirei contas como neste!

— Tancredo?! – interrompeu o frade com admiração. – Tancredo! Filho, quantos crimes pesam sobre vós! Ao pé do cadáver de Tancredo estava um outro cadáver, e ambos pareciam feridos da mesma mão. Fostes também vós que o assassinastes?

— Sim. – disse. – Assassinou-o a minha vingança. Susana, Túlio, Tancredo e Úrsula, meu padre, todos fizeram de mim um objeto de zombaria.

— E ela? – perguntou o confessor.

— Ela?!... Ela morreu