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Página:Ursula (1859).djvu/34

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as minhas palavras?! Sossegai, em nome do céu, Úrsula, sossegai!... Donzela! Eu vos juro que sou leal, e que o respeito que vos consagro, e de que sois digna, nem o silêncio deste bosque, nem a solidão do lugar o quebrará jamais.

— O que sinto por vós – continuou comovido – é veneração, e a mulher a que se venera rende-se um culto de respeitosa adoração, ama-se sem desejos, e nesse amor não entra a satisfação dos sentidos.

— Úrsula, – prosseguiu com voz que inspirava confiança – compreendo, e avalio a perturbação em que vos achais; porque é inocente e pura vossa alma; mas se me escutardes, se vos dignardes ouvir-me, conhecereis que também puras são as minhas intenções, e que o amor que inspirastes é cândido como a vossa alma.

Então Úrsula, erguendo as mãos com aflição, disse:

— Oh! Senhor, por quem sois, deixai-me voltar agora mesmo para ao pé de minha mãe! – e deu um passo; mas esse passo foi vagaroso e trêmulo, e o mancebo eletrizado, encantado por essa cândida timidez, que revelava a mais angelical pureza, correu para ela com indefinível transporte, misturado de amorosa veneração, e docemente obrigando-a a sentar-se, curvou-se-lhe aos pés, e mudo, e contemplativo, e enlevado no rubor que tingia as faces da donzela, guardou silêncio por alguns instantes, e depois rompendo-o, disse-lhe:

— Úrsula, casto é o meu amor, e se o não fora, por prêmio de tanto desvelo e generosidade, não vo-lo oferecera. No meu delírio, Úrsula, não credes vós quem me aparecia. Oh! Não. Uma outra mulher eu via! Era terrível essa visão infernal, e julguei morrer de desesperação;