— Perdão, meu pai. – atalhei com aflição – Amo-a. Que me importa o nome de seu pai? Dar-lhe-ei o meu; e se alguma nódoa houve sobre esse homem, purificou-a o gelo do sepulcro. Meu pai, Adelaide está pura dessa mancha como de toda a culpa.
Esperava uma explosão de cólera; mas contra toda a expectativa sorriu-se com bondade e disse-me:
— Tancredo, tens o meu consentimento. Adelaide será tua esposa, mas hás de permitir que te imponha uma condição.
A estas palavras, Úrsula, eu estava de joelhos aos pés desse homem, que pela vez primeira se mostrava bondoso.
— Falai, meu pai, – disse-lhe – qualquer que ela seja aceito-a.
— Pois bem – tornou ele rindo-se tão expansivamente, que, Deus meu! Acreditei que vinha tudo aquilo do coração, que se lhe expandia pela minha felicidade: e eu transportado de reconhecimento beijava-lhe as mãos, e sentia que o amava, porque era feliz. Mas esta ilusão passou, e o despertar foi doloroso.
— Tancredo, és o desposado de Adelaide. – disse-me. – Doravante esse tesouro, que hás amado, será por mim vigiado como a mais preciosa esperança da tua suprema ventura; Adelaide, porém, é ainda uma criança, e a experiência de uma já longa existência obriga-me a impor-te a condição de esperar por essa união um ano.
— Oh! Meu pai!...
— Escuta-me. Bem sabia eu que te ias afligir; porém atende-me. A esposa que tomamos é a companheira eterna dos nossos dias. Com ela repartimos as nossas dores, ou os prazeres que nos afagam a vida. Se é ela virtuosa,