As cartas deste eram sempre breves e frias.
Adelaide, que com frequência também me escrevia a princípio, entrou a espaçar mais a correspondência, que era o alento da minha vida, era o que me fazia permanecer com alguma alma tão longe de entes caros.
Por último cessaram!
E eu chorava no exílio dores, que ela havia esquecido – afetos, que nunca lhe tinham pulsado no coração – esperanças e saudades que eram só minhas!...
Com que lentidão espreguiçavam-se então os dias!... Contava as horas, longas como séculos, tristes como as agonias do padecente.
Com o tempo, o espírito cansado de tão apurado sofrimento reagiu sobre o físico, e caí perigosamente doente.
Prolongou-se a minha enfermidade, apesar dos esforços dos médicos, e eles recearam pela minha vida; porém o amor e a esperança salvaram-me.
Recobrei finalmente a vida, e quando me achei com forças para empreender viagens, pensei em rever o objeto de minha terna afeição, e não obstante não ter carta de meu pai, que me chamasse a receber a recompensa de meu sacrifício, dispus-me para a partida.
Mas... Deus eterno! Como são ocultos os teus juízos! Uma ordem muito positiva do governo obrigou-me a renunciar ao meu projeto, e tive de dirigir-me à comarca de ***, onde ia incumbido de uma comissão espinhosa e honrosa.
Enfraquecido pelos sofrimentos, contrariado, quase que desesperado, empreendi essa viagem, que fiz com tanta rapidez quanta me permitiram minhas forças, e alguns dias depois estava de volta. Levava no coração a imagem desse anjo idolatrado; mas uma mágoa estranha anuviava-