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Página:Ursula (1859).djvu/64

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me o coração, e eu não podia compreendê-la, e o absoluto e tétrico silêncio desse espaço, que percorria, mais aumentava esse sentir vago de indefinível melancolia.

E dei de rédeas ao animal com loucura e sem parar, porque sentia a necessidade do movimento; mas depois a aflição sempre crescente trazia-me o abatimento, e eu deixava o cavalo andar como lhe parecia.

O coração pressagiava males e não tinha energia para desvanecê-los...

Concluída essa penosa tarefa, ao entrar em minha casa encontrei uma carta, cuja letra era trêmula e mal traçada, cuja data era ainda anterior à minha enfermidade. Oh! Deus meu! Gelou-se-me de dor o sangue – essa carta era de minha mãe! Escrevera-a às portas da Eternidade, e cada uma de suas palavras era um queixume desanimado de dolorosa angústia. Não havia aí uma palavra que acusasse meu pai; mas compreendi logo que ele lhe cavara a sepultura.

Adelaide! Minha pobre mãe não me falava dela...

E após essa, li sucessivamente uma carta de meu pai, e outras de alguns amigos – minha desditosa mãe cessara de existir!...

Ah! Essa dor foi profunda, e tão aguda, que recaí e por muitos dias ignorei o que se passava em derredor de mim. Recuperei a saúde, alentado por meu amor. Adelaide estava no coração, e agora mais do que nunca seus afetos eram necessários a minha alma.

Ergui-me pois, e de novo pus-me a caminho e quinze dias viajei, já pela ardentia do sol, já pela umidade da noite, sempre depressa, sem nunca descansar, animado pelo desejo de chegar e ver a minha Adelaide, único ente adorado que me restava sobre a terra! No