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Página:Ursula (1859).djvu/65

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cabo de quinze dias bati, à noite, à porta da casa onde nasci e onde morrera minha infeliz mãe!

A dor que eu sentira ao receber essas cartas fatais crescia e sufocava-me à proporção que me aproximava dessa casa, onde eu deixara minha desventurada mãe, pálida e desfeita, e onde ia encontrar lutuoso silêncio: e o aspecto lúgubre do escravo, que vigiava à entrada, aumentou mais essa dor profunda.

Levantou-se apenas viu-me, e falou-me com voz magoada; e depois, cruzando os braços sobre o peito, aguardou mudo por uma interrogação.

— Meu pai? – perguntei-lhe com voz trêmula e convulsa.

— Está fora, senhor – tornou-me tristemente. E Adelaide? Onde está ela?

— No salão – redarguiu o negro no mesmo tom.

Entrei. Veloz como um raio, atravessei corredores e salas, e num minuto estava no salão. Úrsula, minha Úrsula, eu a vi. Oh! Antes não a houvera visto, antes tivera descido ao sepulcro, que lá não me seria revelada tão triste e nefanda história!

No salão havia um turbilhão de luzes; no fundo, reclinada em primoroso sofá, estava uma mulher de extremada beleza. Figurou-se-me um anjo. A esplendente claridade, que iluminava esse salão dourado, dando-lhe de chapa sobre a fronte larga e límpida circundava-a de voluptuoso encanto.

Era Adelaide.

Adornava-a um rico vestido de seda cor de pérolas, e no seio nu ondeava-lhe um precioso colar de brilhantes e pérolas, e os cabelos estavam enastrados de joias de não menor valor.

Distraída, no meio de tão opulento esplendor, afagava