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Página:Ursula (1859).djvu/68

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— Senhor! – exclamei fora de mim – Restitui-me duas mulheres, que vos recomendei na hora em que me desterrastes. Uma era a mãe querida que eu tanto amava; a outra era minha desposada, era a mulher que me havíeis cedido para a companheira dos meus dias. Onde estão elas?

Continuou mudo a fitar o tapete de seu vasto salão.

— Livrai-me, senhor, da presença deste homem! – exclamou Adelaide agitada e convulsa.

— Que fizestes delas, senhor? Compreendo agora, o vosso silêncio assaz mo tem explicado. Sondastes o coração de uma, e sem dificuldade conhecestes que era vil e baixo, que o ouro a deslumbrava, a enlouquecia, a aviltava, e essa, que com tanta felicidade sacrificava ao luxo os afetos de seu coração, ou que com infame procedimento esquecia o amor desinteressado e puro do homem que sabia idolatrá-la, essa, roubando-a ao meu coração, levastes aos altares e fizestes a vossa esposa! Tivestes razão: ela não era digna do meu amor.

Meu pai fez-se lívido, e de raiva mordeu os beiços.

A outra – prossegui – a outra atormentastes, torturastes, conduzistes lentamente à sepultura. Seu crime? Oh! Meu pai! Meu pai... minha mãe era uma angélica mulher, e vós, implacável no vosso ódio, envenenastes-lhe a existência, a roubastes ao meu coração... Oh! Suas cinzas, senhor, clamam justiça contra os autores de seus últimos pesares, contra aqueles que riram sobre suas dores.

— Fazei-o retirar, senhor – de novo bradou a esposa, pálida e abatida.

— Tendes razão, senhora. – disse-lhe. – Sentis que vos incomodo? Assim deve ser. Eu sou para vós o remorso vivo. Esperai, não será longo o tempo que