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batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-­lhe:

— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...

Camilo maravilhado, fez um gesto afirmativo.

— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma cousa ou não...

— A mim e a ela, explicou vivamente ele.

A cartomante não sorriu; disse­-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez das cartas e baralhou­-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou­-as bem, transpôs os maços, uma, duas, três vezes; depois começou a estendê­-las. Camilo tinha os olhos nela, curioso e ansioso.

— As cartas dizem-­me...