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Camilo inclinou-­se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou­-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável muita cautela; ferviam invejas e despeitos. Falou­-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita... Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-­as na gaveta.

— A senhora restituiu-­me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante.

Esta levantou-­se, rindo.

— Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato...

E de pé, com o dedo indicador, tocou­-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse a mão da própria sibila, e levantou-­se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá­-las e comê­-las, mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum,