Passado todo o perigo de que o exército invasor
roubasse — ou profanasse — que era o mais
provavel — a sancta reliquia, começou a reclamá-la
o senado e povo santareno, e a mostrar
muito pouca vontade de lh’a restituir o senado e
povo ulyssiponense. Era uma questão d’entre Alba
e Roma que dava serio cuidado aos reflectidos
Numas da regencia do Rocio.
Em poucas preplexidades tam graves se viu aquelle pobre govêrno que tantas teve, e de quasi todas se sahiu tam mal.
Não assim d’esta, que a evitou com o mais inesperado e admiravel stratagema, digno de ornar os maravilhosos fastos do grande Aaroun el-Raschid, ou de qualquer outro principe de bom humor, d’esses poucos felizes que em felizes tempos reinaram a brincar, e zombaram com o seu povo, mas fazendo-o rir.
Pois, senhores, apertada se via a regencia d’estes reinos com a restituição do Sancto-milagre que era de justiça fazer-se a Santarem, mas que Lisboa recusava, e ameaçava impedir. Temia-se alborôto no povo.