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póde e bem deve, ja que a fez tam fraca. Minha pobre mãe succumbiu por sua culpa, por sua irremissivel complacencia...

Deus póde e deve, repitto... mas eu, como lhe heide perdoar eu este rubor que sinto nas faces ao nomear minha mãe?

Tem padecido e soffrido muito... coitada! A sua penitencia é um martyrio, a sua velhice uma longa paixão, e esse homem que a perdeu um verdugo sem piedade. Mas tudo isso é com Deus, não é commigo.

Eu sou filho; minha mãe morreu sem perdoar — não posso perdoar eu.

E quem me hade perdoar a mim? Ninguem, nem quero.

Não serás tu, minha irman; não, que não deves. Porque eu amei-te com um coração que ja não era meu; acceitei o teu amor sem o merecer, sem o podêr possuir, trahi quando te amava, menti quando t’o disse, menti-te a ti,