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N’este estado fiquei não sei que tempo; muito não foi. Percebi que se abria a porta, não tive fôrça para levantar os olhos. Até que senti uma doce e querida mão na minha... era Julia... e era Laura tambem... sancto Deus! que estavam aopé de mim ambas.

Julia tinha a minha mão na sua; e Laura incostada ao hombro da irman, deixava cahir sôbre mim aquelles olhos em que a severidade habitual se tinha relaxado n’uma indulgencia tam doce, n’uma compaixão tam celeste que, juro por Deus, n’aquella hora acreditei firmemente que tinha deante de mim dous anjos seus, baixados nas azas da piedade divina para me trazer todo o perdão, toda a misericordia do ceo á minha alma.

Como te direi eu, Joanna, querida Joanninha, como te direi a ti que me amas, a ti que eu amo — porque te amo, e Deus me castigue que deve! porque te amo, cegamente te amo com este infame e abominavel coração que Elle me deu — como te heide eu dizer a ti, e para quê, as palavras que alli dissemos, os protestos