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ao coração, annunciando-me o fim de uma peleja em que m’o dilaceravam as paixões.

E tu, Joanna, tu, pobre innocente, e desvallida criancinha, tu apparecias-me no meio de tudo isso, extendendo para mim os teus bracinhos amantes como no dia que me despedira de ti n’esse fatal, n’esse querido, n’esse doce e amargo valle das minhas lagrymas e dos meus risos, onde so me tinham de correr os poucos minutos de felicidade verdadeira da minha vida, onde as verdadeiras dores da minha alma tinham de m’a cortar e destruir para sempre...

Oh! de quê e como é feito o homem, para quê e porque vive elle? Que vim eu, que vimos nós todos fazer a este mundo?

Eu sentado alli nas almofadas de seda d’aquella splendida e macia carruagem, rodeado de tres mulheres divinas que me queriam todas, que eu confundia n’uma adoração mysteriosa e mystica — cego, louco d’amores por uma d’ellas, no momento de lhe dizer adeus para sempre... eu tinha o pensamento fixo n’uma criança que ainda andava ao collo! — Revendo-me nos olhos pardos de Laura que eu