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D’alli muito longe que me perguntavaEu na minha terra como me chamava.

— 'Chamavam-me Iria, Iria a fidalga;Por aqui agora Iria, a cansada.'[1]

Andando, andando, toda a noite andava;Lá por madrugada que me attentava...

Horas esquecidas commigo luctava;Nem fôrça nem rogos, tudo lhe mancava.

Tirou do alfange... alli me matava,Abriu uma cova onde me interrava.



No fim de sette annos passa o
cavalleiro,Uma linda ermida viu n’aquelle outeiro.

— 'Minha Sancta Iria, meu amor primeiro,Se me perdoares, serei teu romeiro.'

— 'Perdoar não te heide, ladrão carniceiro,Que me degollaste que nem um cordeiro.'



Ou houve duas sanctas d’este nome, ambas de aventurosa vida e que ambas deixassem longa e profunda memoria de sua belleza e martyrio — o de

  1. Outra licção, e talvez melhor diz a coitada.