de S. Cristovão, cruzávamo-nos com os bondes do bairro e, ao passar um, o mestre refletiu alto:
— Já reparaste que, quando não há indiferença, a passagem de um féretro desperta desgosto?
Calou-se um pouco e depois acrescentou:
— Creio que, se tivéssemos coragem das nossas opiniões, decretávamos um caminho especial para o cemitério — talvez subterrâneo... Só assim não teríamos na vida esse constante espetáculo que nos desgosta!
— Ainda não reparei, respondi.
Eu tinha uma grande atonia mental. A noite passada quase em claro, e as suas emoções, tinham-me esgotado, dando um forte torpor de corpo e uma imensa lassidão cerebral. Respondi somente compreendendo as palavras do meu amigo, sem atividade cerebral suficiente para que elas provocassem em mim um outro qualquer pensamento. Havia tanta resistência na minha percepção que o espetáculo circundante parecia chegar por caminho diferente da minha sensibilidade. Retruquei automaticamente, por mero hábito de polidez.
— E a morte tem sido útil, e será sempre, continuou Gonzaga de Sá. Não é só a