Página:Vida e morte de M J Gonzaga de Sá (1919).djvu/150

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sobre a carreta mortuária, que os empregados do cemitério impeliam profissionalmente; em breve, Gonzaga de Sá se nos veio juntar. Íamos pelas alturas de meio dia. O sol continuava claro e as alturas eram mais límpidas. O perfil das palmeiras ressaltava mais firme e os ciprestes não despertavam ao forte sol do dia. Chegamos em breve à beira da cova funda... O caixão desceu rapidamente pela sepultura abaixo. As correntes tilintaram aborrecidas daquela faina que exerciam há tantos anos. Lancei a minha pá de cal, sem comoção quase, desajeitadamente. Até ali, eu não sentira nada de especial; não tivera nenhum pensamento nem sequer uma emoção piedosa. Vira a cerimônia sem tristeza, fora de sua significação e dos grandes sentimentos compassivos que ela pedia. Passavam pelo meu cérebro, há muito soerguido do abatimento que trazia ao entrar, ligeiras reflexões, fraca e remotamente associáveis ao fato presente. Lembrei-me da minha infância, da fisionomia dos colégios por onde passei, dos professores, dos meus condiscípulos, da escola superior em que vadiei, das alternativas dolorosas da minha vida... E assim, lembrando-me de coisas fora do lugar e do momento, vim com Gonzaga de Sá andando vagarosamente até a porta do cemitério. Ele