uma inépcia estonteadora. Aquele espadagão! Aquele fitão! Que coisas, meu Deus!
A não ser o brasão de armas da cidade do Rio de Janeiro, que é de fato elegante, bem proporcionado, heráldico, significando a cidade, poucos dos nossos emblemas públicos se podem salvar de um inteiro naufrágio na fealdade e na mais completa cretinice.
Como são diferentes dos coloniais! Basta a esfera armilar, atravessada pela cruz de Malta — símbolo do Reino do Brasil — outorgado não sei por que rei de Portugal, para mostrar como naqueles tempos havia mais gosto do que hoje nas altas regiões.
Gonzaga de Sá disse-me isto certa vez, no largo do Paço, olhando o chafariz do mestre Valentim. Depois continuou:
— Este chafariz é feio, é massudo; mas a esfera armilar que o encima dá-lhe certa grandeza, certa majestade... Mas já foi bonito...
— Quando?
— Quando o mar chegava-lhe aos pés. Ele tinha essa moldura, ou melhor: esse repoussoir, e possuía certa beleza. Eu ainda o conheci assim...
Vinha a noite e ela caiu toda negra sobre nós.