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Página:Vida e morte de M J Gonzaga de Sá (1919).djvu/49

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Nós, então, sentimos as nossas almas inteiramente mergulhadas na sombra e os nossos corpos a pedir amor. Calamo-nos e olhamos um pouco as estrelas no céu escuro.

O jardim ia-se povoando de marítimos cansados, e as mulheres, raparigas de condição modesta e ínfima passavam apressadas e desconfiadas.

— Por que razão, Machado, todas as mulheres nesta terra têm medo dos homens, perguntou-me Gonzaga.

— É porque os homens não são bons.

— Eu creio que sim. Aqui, não é a mulher que quer enganar o homem; é este que quer enganar a mulher.

— Penso como o senhor, e a prova está no noticiário dos jornais. São os amantes que roubam das amantes; são os maridos que fazem passar para as suas algibeiras os dotes das mulheres; são os pais que fraudam as legítimas das filhas; são os irmãos que furtam as joias das irmãs; e é o que vem à tona!

— À vista disto, o adultério não vale nada. Vamo-nos.

Saímos do jardim e tratei de ir para a casa escrever umas cartas aos parentes em Minas; e, quando, ao dia seguinte, para enviá-las, entrei no Correio, precisando endireitar um endereço,