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Página:Vidas seccas.pdf/160

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Graciliano Ramos

poz a rir. Medo daquillo? Nunca vira uma pessoa tremer assim. Cachorro. Elle não era dunga na cidade? não pisava os pés dos matutos, na feira? não botava gente na cadeia? Semvergonha, mofino.

Irritou-se. Porque seria que aquelle safado batia os dentes como um caitetu? Não via que elle era incapaz de vingar-se? Não via? Fechou a cara. A idéa do perigo ia-se sumindo. Que perigo? Contra aquillo nem precisava facão, bastavam as unhas. Agitando os chocalhos e os lategos, chegou a mão esquerda, grossa e cabelluda, á cara do policia, que recuou e se encostou a uma catingueira. Se não fosse a catingueira, o infeliz teria cahido.

Fabiano pregou nelle os olhos ensanguentados, metteu o facão na bainha. Podia matal-o com as unhas. Lembrou-se da surra que levara e da noite passada na cadeia. Sim senhor. Aquillo ganhava dinheiro para maltratar as criaturas inoffensivas. Estava certo? O rosto de Fabiano contrahia-se, medonho, mais feio que um focinho. Hein? estava certo? Bulir com as pessoas que não fazem mal a ninguem. Porque? Suffocava-se, as rugas da