Agora pensava no bebedouro, onde havia um liquido escuro que bicho enjeitava. Só tinha medo da secca.
Olhou de novo os pés espalmados. Effectivamente não se acostumava a calçar sapatos, mas o remoque de Fabiano molestara-a. Pés de papagaio. Isso mesmo, sem duvida, matuto anda assim. Para que fazer vergonha á gente? Arreliava-se com a comparação.
Pobre do papagaio. Viajara com ella, na gaiola que balançava em cima do bahu de folha. Gaguejava: “Meu louro”. Era só o que sabia dizer. Fóra isso, aboiava arremedando Fabiano e latia como Baleia. Coitado. Sinha Victoria nem queria lembrar-se daquillo. Esquecera a vida antiga, era como se tivesse nascido depois que chegara á fazenda. A referencia aos sapatos abrira-lhe uma ferida — e a viagem reapparecera. As alpercatas della tinham sido gastas nas pedras. Cançada, meio morta de fome, carregava o filho mais novo, o bahu e a gaiola do papagaio. Fabiano era ruim.
— Mal agradecido.
Olhou os pés novamente. Pobre do louro. Na beira do rio matara-o por necessidade, para sus-