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“DE REBUS PLURIBUS ...”


Os versos de amor não são o forte dos cantadores. Quando dois cantadores se defrontam, o que é inevitável é o desafio bulhento e arrogante em que varonilmente põem ambos em prova os proprios dons de improvisação. Por isso foi que Ferino Jurema disse em carta a Francisco Romano:

Fui chegando em Agua Doce,
Encontrei Mané Fulô,
Coitadinho! só sabia
De cantiguinhas de amor...
Eu não aggravei a elle
E nem elle me aggravou...

E’ preciso que o cantador não tenha um rival com quem se bata, para que se entregue ao descante de romances amorosos ou de simples trovas, o que mormente acontece si no auditorio se acham mulheres. E’ o dengue das morenas, é a faceirice das caboclas que ameiga o estro masculo dos violeiros:

Eu canto, há dezoito annos,
Há vinte toco viola...
Si vejo mulher bonita,
Eu fico todo pachola:
Fico que nem passarinho
Que vê melão em gaiola...