inferiores a si mesmos e prontos para acolher um empreendimento missionário. No entanto, através do abismo do espaço, mentes que estão para as nossas mentes como as nossas estão para as dos animais que perecem, intelectos vastos, frios e antipáticos, olharam para esta terra com olhos invejosos e, lenta e seguramente, traçaram os seus planos contra nós. E no início do século vinte veio a grande desilusão.
O planeta Marte, nem preciso lembrar ao leitor, gira em torno do Sol a uma distância média de 225 milhões de quilómetros, e a luz e o calor que recebe do Sol são apenas metade dos recebidos por este mundo. Se a hipótese nebular tiver alguma verdade, deve ser mais antigo que o nosso mundo, e muito antes de esta Terra deixar de ser fundida, a vida na sua superfície deve ter começado o seu curso. O facto de representar apenas um sétimo do volume da Terra deve ter acelerado o seu arrefecimento até à temperatura em que a vida poderia começar. Tem ar e água, e tudo o que é necessário para sustentar uma existência animada.
No entanto, o homem é tão vaidoso e tão cego pela sua vaidade que nenhum escritor, até ao final do século dezonove, expressou qualquer ideia de que a vida inteligente pudesse ter-se desenvolvido ali muito, ou mesmo de todo, para além do seu nível terrestre. Nem era geralmente entendido que
