dos pés e estender o braço. Ainda assim, precisaria contar com a boa vontade dos pombos. Jorge trepou ao parapeito. Se perdesse o equilíbrio poderia cair ao chão da chácara; para evitá-lo, Jorge lançou a mão esquerda a um ferro que havia na coluna do canto, e que o amparou; depois esticou o corpo e alcançou com a mão o pombal. Um dos pombos ficou logo seguro; o outro, a princípio arisco, foi colhido depois de algum esforço. Estela recebeu-os; Jorge saltou ao chão.
— A Sra. D. Valéria, se visse isto, havia de ralhar, disse Estela.
— Grande façanha! respondeu Jorge sacudindo com o lenço as mãos e a aba do fraque.
— Podia cair.
— Mas não caí; foi um risco que passou. São bonitinhos, não são? continuou ele apontando para os pombos que Estela tinha entre as mãos.
A moça respondeu com um gesto e deu alguns passos, a fim de ir ter com a viúva. Jorge deteve-a, metendo-se entre ela e a porta.
— Não se vá embora, disse ele.
— Que é? perguntou Estela erguendo tranqüilamente os grandes olhos límpidos.
— Disfarçada!