de modo que tirasse daquele minuto ou a salvação ou o naufrágio da vida que ia empreender. Deu dois passos para Estela.
— Talvez não nos vejamos mais, disse ele.
— Por que? disse Estela sem levantar os olhos.
— Posso ficar enterrado no Paraguai.
— Sua mãe não gostaria de ouvir isso...
Seguiram-se ainda dois minutos. Jorge pôs toda a alma nestas palavras, ditas em voz baixa e triste:
— Embarco amanhã para o sul. Não é o patriotismo que me leva, é o amor que lhe tenho, amor grande e sincero, que ninguém poderá arrancar-me do coração. Se morrer, a senhora será o meu último pensamento; se viver, não quero outra glória que não seja a de me sentir amado. Uma e outra coisa dependem só da senhora. Diga-me; devo morrer ou viver?
Estela tinha erguido a cabeça; quando ele acabou, achava-se de pé. Fitou-o alguns instantes com uma expressão muda e fria. A vaidade da mulher podia contentar-se daquela solene separação, e perdoar; mas o orgulho de Estela venceu, e não deu lugar a nenhum outro sentimento