de justiça ou de humanidade. Um jeito irônico torceu-lhe o lábio, donde saiu esta palavra má e desdenhosa:
— O senhor é um tonto.
Quando o pai voltou à sala, instantes depois, Jorge estava com uma das mãos no encosto de uma cadeira, pálido como um defunto. Estela fora até à porta da alcova da sala, resolvida a fechar-se por dento.
O Sr. Antunes não tinha observação; mas, ao ver o rosto dos dois, não era muito difícil adivinhar que alguma coisa se passara entre eles. Adivinhou-o; contudo, não atinara bem o que seria, se uma cena de dolorosa despedida, se outra coisa menos propícia a seus cálculos. Foi ao jovem capitão e pediu-lhe que se sentasse; mas Jorge declarou que ia sair e despediu-se. Sem encarar Estela, estendeu-lhe a mão, que ela apertou com o ar mais tranqüilo do mundo. O pai espreitava uma lágrima furtiva, um gesto disfarçado, qualquer coisa que falasse em favor de suas esperanças. Nada; Estela não baixou o rosto nem escondeu os olhos. Jorge, sim; não obstante o esforço que fazia, tremia-lhe a mão ao apertar a do escrevente.
O Sr. Antunes acompanhou-o até à porta. Ali, antes de a abrir, quis abraçar o moço oficial.