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SENHORAS
2 E' não terdes um vestido
Como são hoje os da moda,
Bem comprido e arrastado
Com doze pannos de roda.
3 E' estar o dia inteiro
Na janella o esperando,
Sem vêl-o jamais passar
No cavallo galopando.
4 E' comprardes mil bilhetes
Sem nenhum premio tirar,
E como comprais fiado,
Terdes inda de os pagar.
5 Aperta, aperta o collete,
A' vossa negra gritais,
E porque ella o não espiche
Só com isso vos zangais.
6 E' quándo ides ao theatro,
Ou ao baile sem o ver,
que ficais uma semana
De saudades a morrer.
7 E' não dansardes com elle,
Vendo com outra dansar;
Ah! senhora, que de zanga
Escapais de arrebentar.
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HOMENS
2 E' passardes qual lord
Para de rico campar,
E depois vir o caixeiro
Sem terdes com que pagar!
3 Não verdes certa sujeita
Na janella empoleirada,
Dando mostra a todo o mundo
De ser vossa namorada.
4 E' dizer-vos ella:—-A' noite
Lá sem falta me tereis;
E depois — que logração!
Vós por certo a mereceis.
5 E' quando nas minhas sortes
Vos sahe alguma asneirinha,
Que logo as moças malignas
Soltam sua risadinha.
6 E' passar por ella, e a besta
Rinchar de satisfação,
Ao ar atirando as pernas
Em signal de saudação.
7 O contardes ás meninas
Vossas acções altaneiras,
E ellas dizerem por fim
— Que forte corja de asneiras!
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SENHORAS
8 E' verdes que elle no baile
Chega tarde, não tem pressa,
Que se vende sempre caro
Só para pregar-vos peça!
9 E' não terdes um momento
Para achar-vos isolada,
Tendo no seio tão alvo
Sua cartinha lacrada.
10 E' o papai dizer sempre
Que delle não gosta, não;
Ficais séria, e quem vos visse
Lá por dentro o coração.
11 E'... porém tão corada
Já, senhora, vos mostrais,
que eu não falo nelle, não,
Porque sei que vos zangais.
12 O sonho! O sonho sómente
Vos causa todo pezar!
Sonhais com elle... e acordais
De amor sempre a suspirar.
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HOMENS
8 Causa-vos zanga, meu nobre,
Tudo o que é de obrigação;
Que nada quereis fazer,
Meu famoso mandrião.
9 O verdes que as lindas flôres
Que lhe dais ella despreza;
Se fosse feia inda um passe,
Mas sendo bella, é dureza.
10 E' mandardes um bilhete
Cheio de prosa e louvor...
E quando pensais na resposta
Voltar o tão lindo amor!
11 E'... meu Deus, que dura sorte
Serdes cá de certo lote,
Daquelles que por miseria
Já não pregam mais calote.
12 E' vêl-a falar com outro,
Com outro sempre a sorrir,
No emtanto que para vós
Nem o bico sabe abrir!
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